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Gedicht

José Tolentino Mendonça

THE RUBBISH OF THE WORLD

I have friends who pray to Simone Weil
For many years now I’ve noticed Flannery O’Connor

Prayer must be like those things
we say to someone who’s sleeping
we have and don’t have hope
only beauty can come down and save us
when the barriers are lifted
allowing images, noises and spurious
sediments to become part
of the magnificent
pageant on top of the ruins

Those who pray are like beggars of last resort
deeply rummaging through the emptiness
until that emptiness bursts
into flame inside them

St. Paul explains it in the First Letter to the Corinthians,
“we are the rubbish of the world to this very day”,
a citation that Flannery kept at her bedside.

O ESTERCO DO MUNDO

O ESTERCO DO MUNDO

Tenho amigos que rezam a Simone Weil
Há muitos anos reparo em Flannery O’Connor

Rezar deve ser como essas coisas
que dizemos a alguém que dorme
temos e não temos esperança alguma
só a beleza pode descer para salvar-nos
quando as barreiras levantadas
permitirem
às imagens, aos ruídos, aos espúrios sedimentos
integrar o magnífico
cortejo sobre os escombros

Os orantes são mendigos da última hora
remexem profundamente através do vazio
até que neles
o vazio deflagre

São Paulo explica-o na Primeira Carta aos Coríntios,
“até agora somo o esterco do mundo”,
citação que Flannery trazia à cabeceira
José Tolentino Mendonça

José Tolentino Mendonça

(Portugal, 1965)

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O ESTERCO DO MUNDO

Tenho amigos que rezam a Simone Weil
Há muitos anos reparo em Flannery O’Connor

Rezar deve ser como essas coisas
que dizemos a alguém que dorme
temos e não temos esperança alguma
só a beleza pode descer para salvar-nos
quando as barreiras levantadas
permitirem
às imagens, aos ruídos, aos espúrios sedimentos
integrar o magnífico
cortejo sobre os escombros

Os orantes são mendigos da última hora
remexem profundamente através do vazio
até que neles
o vazio deflagre

São Paulo explica-o na Primeira Carta aos Coríntios,
“até agora somo o esterco do mundo”,
citação que Flannery trazia à cabeceira

THE RUBBISH OF THE WORLD

I have friends who pray to Simone Weil
For many years now I’ve noticed Flannery O’Connor

Prayer must be like those things
we say to someone who’s sleeping
we have and don’t have hope
only beauty can come down and save us
when the barriers are lifted
allowing images, noises and spurious
sediments to become part
of the magnificent
pageant on top of the ruins

Those who pray are like beggars of last resort
deeply rummaging through the emptiness
until that emptiness bursts
into flame inside them

St. Paul explains it in the First Letter to the Corinthians,
“we are the rubbish of the world to this very day”,
a citation that Flannery kept at her bedside.
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Veerhuis
VDM
Partners
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