Poetry International Poetry International
Gedicht

José Tolentino Mendonça

A STRAND OF HAIR

I abandon house and garden my place at the table
my favorite jacket, folded on the bed
this almost banal truth
that was me all my life

I don’t open the door when people knock
(sometimes they knocked by mistake)
I don’t tally up certainties
what separates one form from another
has always escaped me

Yesterday the chilly air from the fields
began to be clearer
I thought it was just passing and it turned out
to be a secret that my body
was telling my body
once and for all

But when I fell to the ground
like a strand of hair
(one of those that fall early
from the head of a young man
and since no one notices
they’re all the more lost)
you were at my side

You set fire to cities
you drowned armies
in the red sea of your rage
you mortgaged precious lands
to be at my side

O FIO DE UM CABELO

O FIO DE UM CABELO

Abandono a casa o horto o lugar à mesa
o casaco de que gostava, sobre o leito dobrado
esta verdade quase banal
que toda a vida fui

Não abro a porta quando batem
(às vezes batiam só por engano)
não avalio o balanço das certezas
o que separa uma forma da outra
sempre me escapou

Ontem começava a clarear
o ar frio que vinha dos campos
julguei-o de passagem e afinal
era um segredo que meu corpo
de uma vez por todas contava
ao meu corpo

Mas quando tombei sobre a terra
perdido como o fio de um cabelo
(aqueles que primeiro caem
da cabeça de um rapaz
e por não serem notados
são mais perdidos ainda)
estavas junto de mim

Lançaste ao fogo cidades
afogaste os exércitos
no vermelho mar da sua ira
hipotecaste terras tão preciosas
para estares junto de mim
José Tolentino Mendonça

José Tolentino Mendonça

(Portugal, 1965)

Landen

Ontdek andere dichters en gedichten uit Portugal

Gedichten Dichters

Talen

Ontdek andere dichters en gedichten in het Portugees

Gedichten Dichters
Close

O FIO DE UM CABELO

Abandono a casa o horto o lugar à mesa
o casaco de que gostava, sobre o leito dobrado
esta verdade quase banal
que toda a vida fui

Não abro a porta quando batem
(às vezes batiam só por engano)
não avalio o balanço das certezas
o que separa uma forma da outra
sempre me escapou

Ontem começava a clarear
o ar frio que vinha dos campos
julguei-o de passagem e afinal
era um segredo que meu corpo
de uma vez por todas contava
ao meu corpo

Mas quando tombei sobre a terra
perdido como o fio de um cabelo
(aqueles que primeiro caem
da cabeça de um rapaz
e por não serem notados
são mais perdidos ainda)
estavas junto de mim

Lançaste ao fogo cidades
afogaste os exércitos
no vermelho mar da sua ira
hipotecaste terras tão preciosas
para estares junto de mim

A STRAND OF HAIR

I abandon house and garden my place at the table
my favorite jacket, folded on the bed
this almost banal truth
that was me all my life

I don’t open the door when people knock
(sometimes they knocked by mistake)
I don’t tally up certainties
what separates one form from another
has always escaped me

Yesterday the chilly air from the fields
began to be clearer
I thought it was just passing and it turned out
to be a secret that my body
was telling my body
once and for all

But when I fell to the ground
like a strand of hair
(one of those that fall early
from the head of a young man
and since no one notices
they’re all the more lost)
you were at my side

You set fire to cities
you drowned armies
in the red sea of your rage
you mortgaged precious lands
to be at my side

Sponsors
Gemeente Rotterdam
Nederlands Letterenfonds
Stichting Van Beuningen Peterich-fonds
Prins Bernhard cultuurfonds
Lira fonds
Versopolis
J.E. Jurriaanse
Gefinancierd door de Europese Unie
Elise Mathilde Fonds
Stichting Verzameling van Wijngaarden-Boot
Veerhuis
VDM
Partners
LantarenVenster – Verhalenhuis Belvédère