Gedicht
Rui Pires Cabral
CITY OF THE MISSING
There were lots of times I didn’t love Lisbon,didn’t know how to love her at dusk
on a working day, when she was used up,
slow and dirty, and
the deep-set sorrow of the world,
my first and most
precocious intuition, traveled,
lights on, in the almost empty buses. Great city
of the missing, so often I didn’t have
the vigor to take pleasure in
your small, deserted
gardens. When in the cafes
they were already disconnecting the coffee machines
and from the other end of the line no one
would ever answer
the way I wanted, how often
did I fail to find the place and the serenity
to forget and sleep? Even so,
I didn’t do you justice, Lisbon, when
I complained of you: I wasn’t a good example,
I had always felt a bit uneasy in the bed of life.
© Translation: 2007, Alexis Levitin
CIDADE DOS DESAPARECIDOS
CIDADE DOS DESAPARECIDOS
Muitas vezes não amei Lisboa,não soube amá-la ao anoitecer
dos dias úteis, quando era gasta,
parada e suja, e nos autocarros
quase vazios viajava de luz acesa
a entranhada tristeza do mundo
que foi a minha primeira e mais
precoce intuição. Grande cidade
dos desaparecidos, eu não tive
tantas vezes a saúde de gostar
dos teus pequenos jardins
abandonados. Quando nos cafés
já iam desligando as máquinas
e do outro lado da linha ninguém
voltava jamais a responder
como eu queria, quantas vezes
não pude achar o sítio e o sossego
para esquecer e dormir? Mesmo assim,
eu não te fiz justiça, Lisboa, quando
me queixei de ti: eu não era exemplo,
eu sempre estranhei um pouco a cama
da vida.
© 2005, Rui Pires Cabral
From: Longe da Aldeia
Publisher: Averno, Lisboa
From: Longe da Aldeia
Publisher: Averno, Lisboa
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Gedichten van Rui Pires Cabral
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CIDADE DOS DESAPARECIDOS
Muitas vezes não amei Lisboa,não soube amá-la ao anoitecer
dos dias úteis, quando era gasta,
parada e suja, e nos autocarros
quase vazios viajava de luz acesa
a entranhada tristeza do mundo
que foi a minha primeira e mais
precoce intuição. Grande cidade
dos desaparecidos, eu não tive
tantas vezes a saúde de gostar
dos teus pequenos jardins
abandonados. Quando nos cafés
já iam desligando as máquinas
e do outro lado da linha ninguém
voltava jamais a responder
como eu queria, quantas vezes
não pude achar o sítio e o sossego
para esquecer e dormir? Mesmo assim,
eu não te fiz justiça, Lisboa, quando
me queixei de ti: eu não era exemplo,
eu sempre estranhei um pouco a cama
da vida.
From: Longe da Aldeia
CITY OF THE MISSING
There were lots of times I didn’t love Lisbon,didn’t know how to love her at dusk
on a working day, when she was used up,
slow and dirty, and
the deep-set sorrow of the world,
my first and most
precocious intuition, traveled,
lights on, in the almost empty buses. Great city
of the missing, so often I didn’t have
the vigor to take pleasure in
your small, deserted
gardens. When in the cafes
they were already disconnecting the coffee machines
and from the other end of the line no one
would ever answer
the way I wanted, how often
did I fail to find the place and the serenity
to forget and sleep? Even so,
I didn’t do you justice, Lisbon, when
I complained of you: I wasn’t a good example,
I had always felt a bit uneasy in the bed of life.
© 2007, Alexis Levitin
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