Gedicht
Rui Pires Cabral
OUR TURN
It’s the cold that cripples us on a winterSunday, when hope is at its
rarest. There are certain fixations
of consciousness, things that wander
about the house searching for their place
and, secretly they slip into a poem.
It’s envelopes from the water
company, a knife smeared with butter
on the table cloth, that trail we leave
behind us and decipher without effort
and to no advantage. It’s the wait
and the delay. It’s the streets so still
at newscast time and the clinking of
neighborhood cutlery. It’s the nighttime
aimlessness of memory: it’s the fear
of having lost, quite casually,
our turn.
© Translation: 2007, Alexis Levitin
A NOSSA VEZ
A NOSSA VEZ
É o frio que nos tolhe ao domingono Inverno, quando mais rareia
a esperança. São certas fixações
da consciência, coisas que andam
pela casa à procura de um lugar
e entram clandestinas no poema.
São os envelopes da companhia
da água, a faca suja de manteiga
na toalha, esse trilho que deixamos
atrás de nós e se decifra sem esforço
nem proveito. É a espera
e a demora. São as ruas sossegadas
à hora do telejornal e os talheres
da vizinhança a retinir. É a deriva
nocturna da memória: é o medo
de termos perdido sem querer
a nossa vez.
© 2005, Rui Pires Cabral
From: Longe da Aldeia
Publisher: Averno, Lisboa
From: Longe da Aldeia
Publisher: Averno, Lisboa
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Gedichten van Rui Pires Cabral
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A NOSSA VEZ
É o frio que nos tolhe ao domingono Inverno, quando mais rareia
a esperança. São certas fixações
da consciência, coisas que andam
pela casa à procura de um lugar
e entram clandestinas no poema.
São os envelopes da companhia
da água, a faca suja de manteiga
na toalha, esse trilho que deixamos
atrás de nós e se decifra sem esforço
nem proveito. É a espera
e a demora. São as ruas sossegadas
à hora do telejornal e os talheres
da vizinhança a retinir. É a deriva
nocturna da memória: é o medo
de termos perdido sem querer
a nossa vez.
From: Longe da Aldeia
OUR TURN
It’s the cold that cripples us on a winterSunday, when hope is at its
rarest. There are certain fixations
of consciousness, things that wander
about the house searching for their place
and, secretly they slip into a poem.
It’s envelopes from the water
company, a knife smeared with butter
on the table cloth, that trail we leave
behind us and decipher without effort
and to no advantage. It’s the wait
and the delay. It’s the streets so still
at newscast time and the clinking of
neighborhood cutlery. It’s the nighttime
aimlessness of memory: it’s the fear
of having lost, quite casually,
our turn.
© 2007, Alexis Levitin
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