Gedicht
Sophia de Mello Breyner Andresen
The Greeks
To the gods we attributed a dazzling existenceConsubstantial with the sea the clouds trees and light
In them the waves’ glinting the foam’s long white frieze
The woods’ secret and soft green the wheat’s tall gold
The river’s meandering the mountain’s solemn fire
And the great dome of resonant weightless free air
Emerged as self-aware consciousness
With no loss of the first day’s marriage-and-feast oneness
Anxious to have this experience for ourselves
We humans repeated the ritual gestures that re-establish
The initial whole presence of things –
This made us attentive to all forms known by the light of day
As well as to the darkness which lives within us
And in which the ineffable shimmer travels
© Translation: 2004, Richard Zenith
Os gregos
Os gregos
Aos deuses supúnhamos uma existência cintilanteConsubstancial ao mar à nuvem ao arvoredo à luz
Neles o longo friso branco das espumas o tremular da vaga
A verdura sussurrada e secreta do bosque o oiro erecto do trigo
O meandro do rio o fogo solene da montanha
E a grande abóbada do ar sonoro e leve e livre
Emergiam em consciência que se vê
Sem que se perdesse o um-boda-e-festa do primeiro dia –
Esta existência desejávamos para nós próprios homens
Por isso repetíamos os gestos rituais que restabelecem
O estar-ser-inteiro inicial das coisas –
Isto nos tornou atentos a todas as formas que a luz do sol conhece
E também à treva interior por que somos habitados
E dentro da qual navega indicível o brilho
© 1991, Sophia de Mello Breyner
From: Obra Poética III
Publisher: Caminho, Lisboa
From: Obra Poética III
Publisher: Caminho, Lisboa
Gedichten
Gedichten van Sophia de Mello Breyner Andresen
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Os gregos
Aos deuses supúnhamos uma existência cintilanteConsubstancial ao mar à nuvem ao arvoredo à luz
Neles o longo friso branco das espumas o tremular da vaga
A verdura sussurrada e secreta do bosque o oiro erecto do trigo
O meandro do rio o fogo solene da montanha
E a grande abóbada do ar sonoro e leve e livre
Emergiam em consciência que se vê
Sem que se perdesse o um-boda-e-festa do primeiro dia –
Esta existência desejávamos para nós próprios homens
Por isso repetíamos os gestos rituais que restabelecem
O estar-ser-inteiro inicial das coisas –
Isto nos tornou atentos a todas as formas que a luz do sol conhece
E também à treva interior por que somos habitados
E dentro da qual navega indicível o brilho
From: Obra Poética III
The Greeks
To the gods we attributed a dazzling existenceConsubstantial with the sea the clouds trees and light
In them the waves’ glinting the foam’s long white frieze
The woods’ secret and soft green the wheat’s tall gold
The river’s meandering the mountain’s solemn fire
And the great dome of resonant weightless free air
Emerged as self-aware consciousness
With no loss of the first day’s marriage-and-feast oneness
Anxious to have this experience for ourselves
We humans repeated the ritual gestures that re-establish
The initial whole presence of things –
This made us attentive to all forms known by the light of day
As well as to the darkness which lives within us
And in which the ineffable shimmer travels
© 2004, Richard Zenith
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