Gedicht
Paulo Teixeira
Deus Absconditus
God is for you an inscrutable dreambehind the simulated window
in which you’ve hidden the sky.
Exposed to His predatory stare,
you’ve withdrawn from Him like creatures that sleep
among branches that shake, remembering the wind.
Hanging from the lives of saints,
He was evicted from the space you inhabit.
He even wavers in the face He shows.
God the flip side of all things,
a patience exactly equal to your age,
blindly ranges over Hades, swaying
in his hazy groping, anxious to stake out territory,
His chest sunken from having coughed out the universe
and His hands grabbing stars by the fistful.
God-the-dregs-of-Himself, at day’s end:
a wound opened by the fury of lawless beasts
and the dampers of belching chimneys.
© Translation: 1997, Richard Zenith
Deus Absconditus
Deus Absconditus
Deus é para vós um sonho incompreensível,atrás da janela simulada
em que vos esconde o céu.
Expostos ao Seu olhar de rapina,
dele vos ausentastes como quem dorme
entre ramos que se movem numa lembrança de vento.
Dependurado na vida dos santos,
evacuado foi do espaço que habitais.
Vacila na ostensão própria de um rosto.
Deus do avesso de todas as coisas,
uma paciência do tamanho da vossa idade,
passeia às cegas sobre o Hades, embalado
num tentar difuso, numa ânsia de marcar fronteiras,
peito chato de quem tossiu o universo
e as estrelas recolhe no punho, às mãos-cheias.
Deus-despojo-de-si-mesmo, pela tarde:
chaga aberta à fúria das bestas proscritas
e ao registo de fumo das chaminés.
From: Patmos
Publisher: Caminho, Lisboa
Publisher: Caminho, Lisboa
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Gedichten van Paulo Teixeira
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Deus Absconditus
Deus é para vós um sonho incompreensível,atrás da janela simulada
em que vos esconde o céu.
Expostos ao Seu olhar de rapina,
dele vos ausentastes como quem dorme
entre ramos que se movem numa lembrança de vento.
Dependurado na vida dos santos,
evacuado foi do espaço que habitais.
Vacila na ostensão própria de um rosto.
Deus do avesso de todas as coisas,
uma paciência do tamanho da vossa idade,
passeia às cegas sobre o Hades, embalado
num tentar difuso, numa ânsia de marcar fronteiras,
peito chato de quem tossiu o universo
e as estrelas recolhe no punho, às mãos-cheias.
Deus-despojo-de-si-mesmo, pela tarde:
chaga aberta à fúria das bestas proscritas
e ao registo de fumo das chaminés.
From: Patmos
Deus Absconditus
God is for you an inscrutable dreambehind the simulated window
in which you’ve hidden the sky.
Exposed to His predatory stare,
you’ve withdrawn from Him like creatures that sleep
among branches that shake, remembering the wind.
Hanging from the lives of saints,
He was evicted from the space you inhabit.
He even wavers in the face He shows.
God the flip side of all things,
a patience exactly equal to your age,
blindly ranges over Hades, swaying
in his hazy groping, anxious to stake out territory,
His chest sunken from having coughed out the universe
and His hands grabbing stars by the fistful.
God-the-dregs-of-Himself, at day’s end:
a wound opened by the fury of lawless beasts
and the dampers of belching chimneys.
© 1997, Richard Zenith
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