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Gedicht

Paulo Teixeira

Deus Absconditus

God is for you an inscrutable dream
behind the simulated window
in which you’ve hidden the sky.

Exposed to His predatory stare,
you’ve withdrawn from Him like creatures that sleep
among branches that shake, remembering the wind.

Hanging from the lives of saints,
He was evicted from the space you inhabit.
He even wavers in the face He shows.

God the flip side of all things,
a patience exactly equal to your age,
blindly ranges over Hades, swaying

in his hazy groping, anxious to stake out territory,
His chest sunken from having coughed out the universe
and His hands grabbing stars by the fistful.

God-the-dregs-of-Himself, at day’s end:
a wound opened by the fury of lawless beasts
and the dampers of belching chimneys.

Deus Absconditus

Deus Absconditus

Deus é para vós um sonho incompreensível,
atrás da janela simulada
em que vos esconde o céu.

Expostos ao Seu olhar de rapina,
dele vos ausentastes como quem dorme
entre ramos que se movem numa lembrança de vento.

Dependurado na vida dos santos,
evacuado foi do espaço que habitais.
Vacila na ostensão própria de um rosto.

Deus do avesso de todas as coisas,
uma paciência do tamanho da vossa idade,
passeia às cegas sobre o Hades, embalado

num tentar difuso, numa ânsia de marcar fronteiras,
peito chato de quem tossiu o universo
e as estrelas recolhe no punho, às mãos-cheias.

Deus-despojo-de-si-mesmo, pela tarde:
chaga aberta à fúria das bestas proscritas
e ao registo de fumo das chaminés.
Paulo  Teixeira

Paulo Teixeira

(Mozambique, 1962)

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Deus Absconditus

Deus é para vós um sonho incompreensível,
atrás da janela simulada
em que vos esconde o céu.

Expostos ao Seu olhar de rapina,
dele vos ausentastes como quem dorme
entre ramos que se movem numa lembrança de vento.

Dependurado na vida dos santos,
evacuado foi do espaço que habitais.
Vacila na ostensão própria de um rosto.

Deus do avesso de todas as coisas,
uma paciência do tamanho da vossa idade,
passeia às cegas sobre o Hades, embalado

num tentar difuso, numa ânsia de marcar fronteiras,
peito chato de quem tossiu o universo
e as estrelas recolhe no punho, às mãos-cheias.

Deus-despojo-de-si-mesmo, pela tarde:
chaga aberta à fúria das bestas proscritas
e ao registo de fumo das chaminés.

Deus Absconditus

God is for you an inscrutable dream
behind the simulated window
in which you’ve hidden the sky.

Exposed to His predatory stare,
you’ve withdrawn from Him like creatures that sleep
among branches that shake, remembering the wind.

Hanging from the lives of saints,
He was evicted from the space you inhabit.
He even wavers in the face He shows.

God the flip side of all things,
a patience exactly equal to your age,
blindly ranges over Hades, swaying

in his hazy groping, anxious to stake out territory,
His chest sunken from having coughed out the universe
and His hands grabbing stars by the fistful.

God-the-dregs-of-Himself, at day’s end:
a wound opened by the fury of lawless beasts
and the dampers of belching chimneys.
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