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Gedicht

Daniel Jonas

Grotto

I don’t want anything bright or Hellenic.
I prefer commercial airplane turbines, their
domestic soot
to the alabaster sail of Ulysses’ ship
on the high seas.
I prefer an eclipse to Calypso.
I don’t want anything truly white.
I dismiss the herons’ delta wing,
its aero-dynamic flight,
I swap it for the scurrying of sewage rats,
their Chinese rush,
their post-traumatic stress:
I’m proud of such clean creatures.
I also refuse the white page:
I undertake its disfiguration
with black blood, as a white man
is disfigured in Harlem.
I will not start to imagine how slaves
might have felt in the cotton fields.

Grotto

Grotto

Não quero nada claro ou helénico.
Prefiro turbinas de aviões comerciais, a sua fuligem
doméstica
às velas de alabastro do veleiro de Ulisses
lá em mar alto.
Prefiro o eclipse a Calipso.
Não quero nada de verdadeiramente branco.
Dispenso a asa delta de garças,
o seu voo aerodinâmico,
troco-o pela arribação de ratos no esgoto,
a sua pressa chinesa,
o seu stress pós-traumático:
orgulham-me criaturas tão limpas.
Assim também recuso o papel branco:
trato de o desfigurar
com sangue negro, como se desfigura
um branco em Harlem.
Não quero começar a imaginar como se sentiriam
escravos nos campos de algodão.
Daniel Jonas

Daniel Jonas

(Portugal, 1973)

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Grotto

Não quero nada claro ou helénico.
Prefiro turbinas de aviões comerciais, a sua fuligem
doméstica
às velas de alabastro do veleiro de Ulisses
lá em mar alto.
Prefiro o eclipse a Calipso.
Não quero nada de verdadeiramente branco.
Dispenso a asa delta de garças,
o seu voo aerodinâmico,
troco-o pela arribação de ratos no esgoto,
a sua pressa chinesa,
o seu stress pós-traumático:
orgulham-me criaturas tão limpas.
Assim também recuso o papel branco:
trato de o desfigurar
com sangue negro, como se desfigura
um branco em Harlem.
Não quero começar a imaginar como se sentiriam
escravos nos campos de algodão.

Grotto

I don’t want anything bright or Hellenic.
I prefer commercial airplane turbines, their
domestic soot
to the alabaster sail of Ulysses’ ship
on the high seas.
I prefer an eclipse to Calypso.
I don’t want anything truly white.
I dismiss the herons’ delta wing,
its aero-dynamic flight,
I swap it for the scurrying of sewage rats,
their Chinese rush,
their post-traumatic stress:
I’m proud of such clean creatures.
I also refuse the white page:
I undertake its disfiguration
with black blood, as a white man
is disfigured in Harlem.
I will not start to imagine how slaves
might have felt in the cotton fields.
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Veerhuis
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Partners
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