Elegy

Our homes don’t lodge the future. It gets lost
among the trees and midnight. Naked
like a sprawling province past the trench
of windows, it speaks of today’s tarnished
gold and of the meaning won in things lost,
which, chewing on time’s passage, hold up
against grief the conduit of our lives.

We remember childhood’s tiny oracles,
the dreams filed away in memory’s dark
archives, when in the buzzing silence
we plumb the past’s evasive soul. We seek
in yesterday a compensation, knowing
there’s no other man for the man of this place,

no cleaner blood flowing in the flesh
of the just born, his true pastoral death.
It’s time for the harvest, for the far-off
portents heralded by autumn’s trumpets.
Words, the trembling branches of words,
sense the spirit of revelation in each thing.

We weep the final feast of these moments,
days of a faithful fog cover our steps,
veiling these hands that long to climb
to heaven like stairs. If I knew the simple
language of tribute, I’d sing the foreseeable fall
in time for the poem to end as an elegy.

Elegia

Elegia

O futuro não o guardamos em casa, perde-se
disperso entre a meia-noite e a folhagem. Nu,
exposto como uma província além da trincheira
das janelas, fala-nos do ouro puído destes dias,
desse sentido ganho nas coisas que se perdem,
salivando a passagem das horas, sustendo
contra a dor o dreno das nossas vidas.

Lembramos os pequenos oráculos da infância,
os sonhos que são memórias já na sua escura
torre do tombo, ao intimarmos, no sossego
povoado, a evasiva alma do passado. Buscamos
no ontem uma recompensa, sabendo que não
há outro homem para o homem deste lugar,

sangue mais limpo correndo pela carne
de quem nasce, a sua genuína morte pastoral.
Eis chegado o tempo da ceifa, dos presságios
de longe trazidos no rumor das trompas outonais.
As palavras, os trémulos ramos das palavras,
pressentem o espírito da revelação em cada coisa.

Assim choramos a festa última dos instantes,
dias de uma neblina fiel cobrem-nos os passos,
obscurecendo essas mãos que gostariam de subir
ao céu como escadas. Se conhecesse a linguagem
fácil do tributo cantaria a queda adivinhada
a tempo de o poema terminar na forma de uma elegia.