Gedicht
Fiama Hasse Pais Brandão
Daytime Song
Love drinks its cup in silenceand is sorrow while it waits.
It imagines desire suddenly
and slowly gazes at the Other’s gaze.
To know is to love, said divine
Plato or another ancient philosopher.
But how trace in the shade
of a screen of light the profile
of your absent face
if, in the daytime of our love,
memory makes it more forgotten?
When March brings me the new flower
that wordlessly opens its corolla,
I compare it to the love that erupts
in the pupil of a gaze in light and shade.
If every womb is blessed, even more
the womb of Spring and birds and flowers
in heat. Desire has also
imagined the wordless tongue,
that of the sound of poems and the Song.
This daytime Love is in the body
and in one another, like bread broken
at the banquet of the silent guests
who break it singly and with the others.
No absent thing partakes of it
when time’s seasons, after Spring,
pass by us and stop
at the long table set for Summer.
Here all is presence, and time is the day.
Canto Diurno
Canto Diurno
No silêncio bebe a sua taçae é dor o amor enquanto espera,
imagina o desejo de repente
e lentamente olha o olhar do Outro.
Conhecer é amar, disse o divino
Platão ou outro filósofo antigo.
Porém como traçar na sombra
da persiana de luz o esboço
do teu rosto escasso ausente,
se no diurno amor a memória
o faz mais esquecer-se?
Quando Março me dá a nova flor
que abre sem palavras a corola,
eu comparo-a com o amor que eclode
na pupila do olhar em luz e sombra.
Todo o ventre é bendito, tanto
mais o da primavera do cio
de aves e flores. Também o desejo
imaginou a língua sem palavras,
e que é a do som do Canto e dos poemas.
Este diurno Amor está em corpo,
e num e noutro, como o pão partido
no banquete dos convivas silenciosos
que é o de cada um consigo e os outros.
Nenhuma coisa ausente o partilha,
quando as estações do tempo passam
por nós depois da Primavera e param
na longa mesa posta para o Verão.
Tudo é presença aqui, e o tempo é dia.
© 1994, Fiama Hasse Pais Brandão
From: Cantos do Canto
Publisher: Relógio D’Água,
From: Cantos do Canto
Publisher: Relógio D’Água,
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Gedichten van Fiama Hasse Pais Brandão
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Canto Diurno
No silêncio bebe a sua taçae é dor o amor enquanto espera,
imagina o desejo de repente
e lentamente olha o olhar do Outro.
Conhecer é amar, disse o divino
Platão ou outro filósofo antigo.
Porém como traçar na sombra
da persiana de luz o esboço
do teu rosto escasso ausente,
se no diurno amor a memória
o faz mais esquecer-se?
Quando Março me dá a nova flor
que abre sem palavras a corola,
eu comparo-a com o amor que eclode
na pupila do olhar em luz e sombra.
Todo o ventre é bendito, tanto
mais o da primavera do cio
de aves e flores. Também o desejo
imaginou a língua sem palavras,
e que é a do som do Canto e dos poemas.
Este diurno Amor está em corpo,
e num e noutro, como o pão partido
no banquete dos convivas silenciosos
que é o de cada um consigo e os outros.
Nenhuma coisa ausente o partilha,
quando as estações do tempo passam
por nós depois da Primavera e param
na longa mesa posta para o Verão.
Tudo é presença aqui, e o tempo é dia.
From: Cantos do Canto
Daytime Song
Love drinks its cup in silenceand is sorrow while it waits.
It imagines desire suddenly
and slowly gazes at the Other’s gaze.
To know is to love, said divine
Plato or another ancient philosopher.
But how trace in the shade
of a screen of light the profile
of your absent face
if, in the daytime of our love,
memory makes it more forgotten?
When March brings me the new flower
that wordlessly opens its corolla,
I compare it to the love that erupts
in the pupil of a gaze in light and shade.
If every womb is blessed, even more
the womb of Spring and birds and flowers
in heat. Desire has also
imagined the wordless tongue,
that of the sound of poems and the Song.
This daytime Love is in the body
and in one another, like bread broken
at the banquet of the silent guests
who break it singly and with the others.
No absent thing partakes of it
when time’s seasons, after Spring,
pass by us and stop
at the long table set for Summer.
Here all is presence, and time is the day.
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