Gedicht
Jorge de Sena
CAMÕES ADDRESSES HIS CONTEMPORARIES
You can steal all that’s mine:my ideas, words, images,
my metaphors, themes, motifs,
my symbols and preeminence
in suffering the pains of a new language,
in understanding others, in daring
to fight, to judge, to penetrate
recesses of love where you are impotent.
And then you can refuse to quote me,
you can suppress me, ignore me, and even
acclaim other thieves, luckier than you.
It doesn’t matter: your punishment
will be grim. For when your grandchildren
no longer know who you are
they’ll know me much better
than you pretend not to,
and all that you have painstakingly pillaged
will revert to my name. Even what little
you did not steal but achieved on your own
will be mine, counted as mine, credited to me.
You’ll have nothing at all, not even your bones,
for they’ll dig up one of your skeletons
ans say it’s mine. So that other thieves, just
like you, can kneel and place flowers on my tomb.
© Translation: 1997, Richard Zenith
CAMÕES DIRIGE-SE AOS SEUS CONTEMPORÂNEOS
CAMÕES DIRIGE-SE AOS SEUS CONTEMPORÂNEOS
Podereis roubar-me tudo:as ideias, as palavras, as imagens,
e também as metáforas, os temas, os motivos,
os símbolos, e a primazia
nas dores sofridas de uma língua nova,
no entendimento de outros, na coragem
de combater, julgar, de penetrar
em recessos de amor para que sois castrados.
E podereis depois não me citar,
suprimir-me, ignorar-me, aclamar até
outros ladrões mais felizes.
Não importa nada: que o castigo
será terrível. Não só quando
vossos netos não souberem já quem sois
terão de me saber melhor ainda
do que fingis que não sabeis,
como tudo, tudo o que laboriosamente pilhais,
reverterá para o meu nome. E mesmo será meu,
tido por meu, contado como meu,
até mesmo aquele pouco e miserável
que, só por vós, sem roubo, haveríeis feito.
Nada tereis, mas nada: nem os ossos,
que um vosso esqueleto há-de ser buscado,
para passar por meu. E para outros ladrões,
iguais a vós, de joelhos, porem flores no túmulo.
© 1963, Jorge de Sena
From: Metamorfoses
Publisher: Edições 70, Lisboa
From: Metamorfoses
Publisher: Edições 70, Lisboa
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CAMÕES DIRIGE-SE AOS SEUS CONTEMPORÂNEOS
Podereis roubar-me tudo:as ideias, as palavras, as imagens,
e também as metáforas, os temas, os motivos,
os símbolos, e a primazia
nas dores sofridas de uma língua nova,
no entendimento de outros, na coragem
de combater, julgar, de penetrar
em recessos de amor para que sois castrados.
E podereis depois não me citar,
suprimir-me, ignorar-me, aclamar até
outros ladrões mais felizes.
Não importa nada: que o castigo
será terrível. Não só quando
vossos netos não souberem já quem sois
terão de me saber melhor ainda
do que fingis que não sabeis,
como tudo, tudo o que laboriosamente pilhais,
reverterá para o meu nome. E mesmo será meu,
tido por meu, contado como meu,
até mesmo aquele pouco e miserável
que, só por vós, sem roubo, haveríeis feito.
Nada tereis, mas nada: nem os ossos,
que um vosso esqueleto há-de ser buscado,
para passar por meu. E para outros ladrões,
iguais a vós, de joelhos, porem flores no túmulo.
From: Metamorfoses
CAMÕES ADDRESSES HIS CONTEMPORARIES
You can steal all that’s mine:my ideas, words, images,
my metaphors, themes, motifs,
my symbols and preeminence
in suffering the pains of a new language,
in understanding others, in daring
to fight, to judge, to penetrate
recesses of love where you are impotent.
And then you can refuse to quote me,
you can suppress me, ignore me, and even
acclaim other thieves, luckier than you.
It doesn’t matter: your punishment
will be grim. For when your grandchildren
no longer know who you are
they’ll know me much better
than you pretend not to,
and all that you have painstakingly pillaged
will revert to my name. Even what little
you did not steal but achieved on your own
will be mine, counted as mine, credited to me.
You’ll have nothing at all, not even your bones,
for they’ll dig up one of your skeletons
ans say it’s mine. So that other thieves, just
like you, can kneel and place flowers on my tomb.
© 1997, Richard Zenith
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