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Gedicht

Luís Quintais

FLOWERS AND OTHER NAMELESS SPECIES

Nothing in nature has a name.
As if it were a botanical garden
with only the vaguest indications, preferably in Latin.

Linnaeus would laugh at my happy ignorance,
at this knowledge that blithely
delights in not knowing.

Colors, shapes, inebriating fragrances,
the senseless, sensation-filled vertigo of a forest,
the vegetable atmosphere of a greenhouse,

the flowers like open sex organs – are they
sex organs? – which I dive into as visitors look on.
They’d be shocked to find out that nothing in nature –

is ‘nature’ this voluptuous game
of self-ignorance? – has a name. It’s all organic essence
not found in herbariums, all disproportion,

all a dream of indecipherables slowly rotting
before this virtuous classificatory ignorance
bursting with life inside me.

Flores e outras espécies sem nome

Flores e outras espécies sem nome

Nada na natureza tem nome.
Como se de um jardim botânico
sem indicações precisas – em latim de preferência – se tratasse.

Lineu rir-se-ia da minha ignorância feliz –
deste conhecimento que complacente
se diverte no seu desconhecimento.

Formas, cores, a ebriedade dos cheiros,
a insensata vertigem sensitiva de um bosque,
a atmosfera vegetal de uma estufa,

as flores como sexos – são sexos? – abertos
onde perante visitas mergulho.
Atónitos ficariam se soubessem que nada na natureza –

é “natureza” este voluptuoso jogo
de se desconhecer? – tem nome. Tudo é orgânico recorte
que o herbário não contém, desequilíbrio,

sonho do indecifrável que lento se putrefaz
perante a virtuosa ignorância classificatória
em mim se animando.
Luís  Quintais

Luís Quintais

(Portugal, 1968)

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Flores e outras espécies sem nome

Nada na natureza tem nome.
Como se de um jardim botânico
sem indicações precisas – em latim de preferência – se tratasse.

Lineu rir-se-ia da minha ignorância feliz –
deste conhecimento que complacente
se diverte no seu desconhecimento.

Formas, cores, a ebriedade dos cheiros,
a insensata vertigem sensitiva de um bosque,
a atmosfera vegetal de uma estufa,

as flores como sexos – são sexos? – abertos
onde perante visitas mergulho.
Atónitos ficariam se soubessem que nada na natureza –

é “natureza” este voluptuoso jogo
de se desconhecer? – tem nome. Tudo é orgânico recorte
que o herbário não contém, desequilíbrio,

sonho do indecifrável que lento se putrefaz
perante a virtuosa ignorância classificatória
em mim se animando.

FLOWERS AND OTHER NAMELESS SPECIES

Nothing in nature has a name.
As if it were a botanical garden
with only the vaguest indications, preferably in Latin.

Linnaeus would laugh at my happy ignorance,
at this knowledge that blithely
delights in not knowing.

Colors, shapes, inebriating fragrances,
the senseless, sensation-filled vertigo of a forest,
the vegetable atmosphere of a greenhouse,

the flowers like open sex organs – are they
sex organs? – which I dive into as visitors look on.
They’d be shocked to find out that nothing in nature –

is ‘nature’ this voluptuous game
of self-ignorance? – has a name. It’s all organic essence
not found in herbariums, all disproportion,

all a dream of indecipherables slowly rotting
before this virtuous classificatory ignorance
bursting with life inside me.
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