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Gedicht

Ruy Belo

FLOWER OF SOLITUDE

We lived we conversed we resisted
we crossed paths on the street under the trees
we perhaps made a little stir
we traced timid gestures in the air
but what words can explain
that ours was a solitary and silent
profoundly silent heart
and in the end our eyes watched
like eyes that watch in forests
In the midst of the tumultuous city
in the visible angle of its countless edges
the flower of solitude grew lusher each day
We had a name for this
but the ruthless time of men
killed in us the one who was dying
And in this ambitious heart
alone like a man christ dies
What shall we call the void that flows
relentless as a river?
It is born it swells it will empty
and in all of this it’s finally a sea
We lived we conversed we resisted
without realizing that in everything we die a little

A Flor da Solidão

A Flor da Solidão

Vivemos convivemos resistimos
cruzámo-nos nas ruas sob as árvores
fizemos porventura algum ruído
traçámos pelo ar tímidos gestos
e no entanto por que palavras dizer
que nosso era um coração solitário
silencioso profundamente silencioso
e afinal o nosso olhar olhava
como os olhos que olham nas florestas
No centro da cidade tumultuosa
no ângulo visível das múltiplas arestas
a flor da solidão crescia dia a dia mais viçosa
Nós tínhamos um nome para isto
mas o tempo dos homens impiedoso
matou-nos quem morria até aqui
E neste coração ambicioso
sozinho como um homem morre cristo
Que nome dar agora ao vazio
que mana irresistível como um rio?
Ele nasce engrossa e vai desaguar
e entre tantos gestos é um mar
Vivemos convivemos resistimos
sem bem saber que em tudo um pouco nós morremos
Ruy  Belo

Ruy Belo

(Portugal, 1933 - 1978)

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A Flor da Solidão

Vivemos convivemos resistimos
cruzámo-nos nas ruas sob as árvores
fizemos porventura algum ruído
traçámos pelo ar tímidos gestos
e no entanto por que palavras dizer
que nosso era um coração solitário
silencioso profundamente silencioso
e afinal o nosso olhar olhava
como os olhos que olham nas florestas
No centro da cidade tumultuosa
no ângulo visível das múltiplas arestas
a flor da solidão crescia dia a dia mais viçosa
Nós tínhamos um nome para isto
mas o tempo dos homens impiedoso
matou-nos quem morria até aqui
E neste coração ambicioso
sozinho como um homem morre cristo
Que nome dar agora ao vazio
que mana irresistível como um rio?
Ele nasce engrossa e vai desaguar
e entre tantos gestos é um mar
Vivemos convivemos resistimos
sem bem saber que em tudo um pouco nós morremos

FLOWER OF SOLITUDE

We lived we conversed we resisted
we crossed paths on the street under the trees
we perhaps made a little stir
we traced timid gestures in the air
but what words can explain
that ours was a solitary and silent
profoundly silent heart
and in the end our eyes watched
like eyes that watch in forests
In the midst of the tumultuous city
in the visible angle of its countless edges
the flower of solitude grew lusher each day
We had a name for this
but the ruthless time of men
killed in us the one who was dying
And in this ambitious heart
alone like a man christ dies
What shall we call the void that flows
relentless as a river?
It is born it swells it will empty
and in all of this it’s finally a sea
We lived we conversed we resisted
without realizing that in everything we die a little
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Stichting Van Beuningen Peterich-fonds
Prins Bernhard cultuurfonds
Lira fonds
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Veerhuis
VDM
Partners
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